Experiências com cães é comum para muitas crianças. É como um contato com nossa essência mais primitiva. Uma volta ao passado ancestral. Quando ainda jovens, parece que nosso intuição é o modo inicial que depois substituirmos por nossas teorias científicas. São muitos os espaços vazios, e estes espaços são preenchidos pela nossa imaginação. E temos explicação para tudo: como o sol nasce depois de se por; como os chineses não caem, estando de cabeça pra baixo; como a chuva se forma e cai, etc.
Mas... que tem os cães a ver com tudo isso? São eles um dos contatos com a natureza que vai além de nosso senso comum. Um ser diverso de nós mesmos, amigos e familiares. Algo muito curioso e fonte muito intensas experiências. Experiências que marcam.
Como a Xola, uma vira-latas habitantes das ruas de Olinda, onde eu morava quando criança, e que transitava livre nas casas minha e de minha avó. Comia nossas sobras e se abrigava em qualquer lugar na rua.
Fiel, sempre nos levava à escola logo cedo (eu, irmão e primos). Esperta, ela mesma abria a porta quando quisesse entrar. Traquina, também entrava onde não devia, por isso mesmo veio a morrer com algum tipo de veneno.
Cães vivem menos que humanos, o que nos faz entrar em contato com uma outra força da natureza difícil de lidar: a perda de um ente querido. Eis aí um outro mistério que, mesmo quando adulto, ainda nos ocupa continuamente. E não vou aqui querer abordar esse assunto. Mas o fato de ter que lidar com a perda, inclusive de parentes, é algo que enfrentaremos. Cães também nos ensinam a cerca disto. E tantas outras coisas que não tem explicação.
Não tem explicação, como falar a eles nossos problemas e saber que de algum modo eles entendem. Que nos aceitam apesar de tudo e em qualquer circunstância. É como dar uma surra neles e depois chamá-los. Eles voltam felizes e contentes com o rabinho balançando. O mesmo não acontece com humanos (pelo menos com a maioria)!
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